Fausto Caetano: Como foi acompanhar John Schlitt em sua tour com Michael Sweet

Acompanhar artistas consagrados é o sonho de qualquer músico. Ainda mais se estes forem nada menos que John Schlitt (Petra) e Michael Sweet (Stryper). E, quando esse sonho se torna realidade, a experiência se torna realmente inesquecível! E é por isso que fomos perguntar ao Fausto Caetano, músico que acompanhou John durante a tour brasileira (que se encerrou no dia 29/08/17, em Belo Horizonte) para saber o que ele viveu neste dias. E você confere agora, aqui no Petra Tribute!

“Olá meus amigos, primeiramente eu peço perdão pela demora para responder. Eu sou uma negação no que tange a administração de minhas redes sociais mas logo eu vou conseguir achar tempo para fazer isso. Afinal eu preciso administrar minha escola de música, as atividades que me cabem na clinica especializada em cantores a INNOVARE em BH e os cursos e Workshops que ministro pelo País.

Falando do show “Confesso que a ficha só caiu quando a turnê terminou…” que foi o momento que cantei a To Hell With The Devil com o Michael Sweet no último show em Belo Horizonte.

Quando eu trabalho com algum músico, só tenho uma coisa em mente: Cumprir com o trabalho.  John percebeu isso logo que eu levava o trabalho muito a sério e tinha chegado la bem preparado para qual quer surpresa negativa que pudesse acontecer. Ele comentava com a produção e com o Michael que eu estudava o dia inteiro e que eu tinha levado na mala mais coisas que muita banda, afinal as músicas chegaram em cima da hora eu só fui conhecer efetivamente as tracks que eu iria tocar por cima pouco antes do show do Rio, eu também não fazia idéia do que teria disponível então levei tudo que poderia dar suporte ao John na hora dos shows, equipamentos de áudio, microfones e recursos para a preparação vocal. 
    

Depois que a pressão do primeiro show passou eu fiquei mais a vontade e pude curtir mais. Em fim a coisa ficou mágica, já no terceiro show parecíamos amigos de longa data, um brincando com o outro em cima do palco fazendo piadinhas rindo dos tropeços nas musicas (em Goiânia tropeço literalmente, porque eu levei um “senhor capote” atrás do palco que me deixou com o braço esquerdo dolorido por alguns dias. Foi preocupante até no dia seguinte mas depois rimos a muito do acontecido).

Poder passar um tempo com o John e com Michael me fez repensar muita coisa. Vejo no meio musical muito músicos com uma vaidade imensa, desejando coisas ruins uns para os outros, disputando tudo a todo tempo, coisa a qual nunca partilhei nem em pensamentos. A humildade e simplicidade de ambos era tão grande, que a todo tempo a equipe se sentia confrontada. Muitos gestos deles deixaram vários técnicos nos teatros que passamos desarmados. Às vezes um ou outro apresentava uma postura não muito educada (coisa normal dentro de qualquer trabalho onde as pessoas trabalham sob pressão, mas confesso que BH bateu recorde, não gostei de forma alguma como a segurança do Cine Brasil tratou alguns fans) e o carisma e simplicidade de John e do Michael fazia com estas pessoas mudassem seu comportamento para serem mais prestativas. 

Olhando para as obras que John Schlitt e Michael Sweet já criaram em suas brilhantes carreiras, o tamanho do publico que já conquistaram em todo o mundo, passando 10 dias com eles vendo como se vestem, como comem, como caminharam por onde foram é de se pensar: Será que toda esta vaidade que vemos por ai é mesmo nas igrejas e no meio musical é mesmo necessária?    

Um fato que me surpreendeu logo de início: Chegando no hotel Slaviero do RJ a banda thrash metal TESTAMENT, que todos sabem que esta longe de ser uma banda que apóia o cristianismo estava hospedada no Hotel. Eu me aproximei do vocalista Chuck Billy para lhe cumprimentar então Alex Skolnick o guitarrista da banda se aproximou e fizemos uma foto juntos. Eu comentei que Michael Sweet estava ali e que ele iria fazer um show com John Schlitt no Rio, Alex deu um sorriso feliz disse a Chuck: “Ele já foi ao meu show” (Alex se referia ao seu programa como você pode conferir neste link). Ele perguntou onde Michael estava, eu apontei a direção ele largou as malas e voltou para trás para cumprimentá-lo. Conversaram ali por alguns momentos. Eu acabei não registrando a cena com uma fotografia pois eu realmente não podia parecer “um fã” afinal eu estava trabalhando e o comportamento deve ser bem diferente atrás do palco, então subi para estudar. 

No primeiro show no Rio de Janeiro a expectativa foi gigante. Tocando do lado de um ídolo pra um público que eu não conhecia, não sabia dizer como seria, mas eu apesar de apreensivo eu estava muito feliz por dentro. Antes da cortina se abrir eu e o John pareciamos dois garotos brincando e fazendo careta para a câmera que estava no palco. O show correu bem, mas eu tive algumas surpresas, o backtrack “I Am on the Rock” estava com o solo antigo gravado e quando fui fazer o novo escutei algo familiar rolando no mesmo instante (rimos disso porque a track sem solo nunca mais apareceu ai ficou o antigo mesmo nos outros shows (risos e risos). Bem, Justamente neste solo quando eu olho para a mesa da frente eu vejo Geoff Tate um grande cantor norte americano ex vocalista da banda Queensrÿche. O susto foi tamanho que rolou uma “sincope” no solo (risos e risos de novo).   

É muito comum pessoas perderem tempo discutindo e brigando por coisas inúteis sendo que os grandes se admiram por sua arte e nada mais.  John gosta de tudo muito simples, o puro Rock In Roll com muita energia, sem frescura. Ele pedia pra tocar com vontade, eu tive que aumentar a tensão das cordas do vilão de 010 para 013 pois ele sentia falta de definição nos baixos  em alguns momentos, o que me complicou um pouco para me adaptar em alguns solos, mas assim ele ficou satisfeito, eu mostrei as palhetas quebradas e rimos muito. 

John sempre se preocupa em orar antes dos shows e isso sempre foi bem legal de se ver. Nós dois oramos sempre antes de cada show após a passagem de som. Quanto a passagem de som era bem rápida, ele já sabia de cor cada frequência precisava em seu retorno ele mesmo pedia para os técnicos, virava para o lado e dizia: Esta bom pra você? Eu dava meu parecer e pronto: já estava passado! 

Eu fiquei muito feliz de como ele se importava com minha opinião sobre tudo, eu me senti um profissional muito valorizado tocando com ele.  Os shows se seguiram, e sempre antes de cada show eu aparecia no camarim com uma coisa nova para fazer a preparação vocal, ele me olhava esquisito fazia uma cara estranha, eu morria de rir e íamos trabalhar a voz. Michael perguntou sobre o que eu estava fazendo com o John e eu comecei a lhe dar algumas recomendações e treinos para a preparação vocal e ambos gostaram muito. Por fim, paramos em vários momentos para eu falar sobre as novidades das ciências vocais para os cantores de rock acerca da utilização e pedagogia dos drives vocais e o que estávamos produzindo no Brasil acerca do assunto, além de conversas sobre equipamentos coisa que o Michael adora falar de paixão. John já não é tão ligado em tecnologia. Por fim, no show de BH nossa equipe da clinica INNOVARE que é especializada no atendimento de cantores já estava aqui fazendo exames no camarim e realizando a preparação do Michael.

Michael Sweet com nossa equipe, a fonoaudióloga Juscelina Kubitschek e a otorrino Karine Gonçalves, que fizeram o atendimento


A confiança em nosso trabalho aqui no Brasil emocionou muito a toda a equipe. Eles elogiavam Eliel que estava sempre tranquilo com eles a todo momento, John me elogiando para o público dizendo que fui seu guitarrista, backing vocal, roadie, ele usou a expressão “Medico de sua voz” o que para nós seria coach vocal e em Belo Horizonte terminou o show dizendo e agora meu amigo também. 

Eu vi pessoas atravessando o país para ver os shows, Eliel me falou de um rapaz que viajou cerca de 2500 km para ir ao show de SP.  Até famílias inteiras como foi o caso de uma família que foi ao show de Curitiba para ver o John e terminando o show eles voltaram para casa de carro encarando 10 horas de estrada. Fora inúmeros outros casos de pessoas que fizeram isso para ter este momento. Eu mesmo fiz isso muitas e muitas vezes ao longo de minha vida e foram os momentos felizes que guardo com todo o carinho. Vendo isso e vivendo isso, senti uma vontade imensa deixar um recado a todos os líderes de igrejas que tiverem acesso a esta mensagem:

Incentivem os músicos de suas igrejas fornecendo a eles condição para estudarem e cuidarem de sua saúde vocal. A importância do ministério de música e incontestável em uma igreja, afinal, pessoas atravessam o pais para verem músicos que escreveram canções que deixaram marcas na memória e  significados em sua vida. Respeitem os músicos, David foi um grande guerreiro e um também músico respeitado em sua época, diga-se de passagem, o mais antigo registrado. Hoje os músicos guerreiam contra a falta de informação, contra o mercado que não é favorável aos mesmos  que muitas vezes gastam o valor de um carro ZERO km para comprar seus equipamentos, estudam como estivessem prestando um vestibular para medicina e tocam por cachês de R$ 300 reas, isso é… quando recebem. Não sejam vaidosos e já mais se preocupem quem é melhor que quem, isso não acrescenta nada para a obra e nem para a música. Existem músicos que executam suas canções de forma muito simples, outros, por sua vez extremamente virtuosos e ambos são ouvidos de hotéis de luxo a estádios por todo mundo e o que eles tem de especial se são tão diferentes? … Cada um tem um conceito muito bem construído para a arte que faz. 

Sou extremamente grato pelo carinho que fui recebido em todas as cidades que passamos. Conhecer cada um de vocês foi uma dádiva para mim. Espero ter o contato de todos os fans do John e do Michael, afinal eles também são grande inspiração para mim. E aguardem, 2018 tem novidades com o John aqui em nossa pátria amada chamada Brasil. Me sigam no Site, faustocaetano.com, no Instagram Fausto Caetano e na Pagina fb.com/faustocaetano e aguardem as novidades.”

Gostaria de agradecer (em meu nome e também do Petra Tribute) ao Fausto por todo o carinho e atenção conosco durante a tour, e também por nos conceder o início de uma amizade que pelo jeito vai longe!

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